1. |
Filho do Voldemort
08:04
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De parto natural
Nasceu criança normal
Saudável no essencial
Menos num pequeno facto
Ele não possuía olfacto
Porque não tinha nariz
Não tinha nariz
Cresceu sem poder cheirar
As partículas do ar
Em ambiente escolar
Sempre último a detectar
Quando é que estava a largar
Gases
E as crianças fugiam
Ah pois claro que fugiam!
Com aquele cheiro
Queria que fosse sua sina
Ser como toda a gente
Não sentir embaraço
Poder snifar cocaína
Sem ficar com cara de palhaço
A sua mãe quis levá-lo
A médicos estrangeiros
Ou então feiticeiros
Que lhe dessem nariz
Para ele poder ser feliz
Mas ele não quis, ele não quis
Ele não quis ir a Paris
Ele não quis ir a Belgrado
Ele não quis ir a Estugarda
Ele não quis ir a nenhum lado
Porque não tinha nariz
Ele não quis ir a Paris
Ele não quis ir a Belgrado
Ele não quis ir a Estugarda
Nem sequer até Almada
Porque não tinha nariz
Ameaçado de morte
É o filho do Voldemort
O médico olhou-o e disse
"Está tudo bem, normais
Não se preocupe mais
Com os seus genitais
Mas o senhor não tem nariz"
"Que raio de médico é você?"
"Eu sou um urologista
Oh seu grande nabo
Eu vou-lhe dar uma pista"
E meteu-lhe um dedo no
Ouvido
E logo a seguir no rabo
Para lhe sentir o espírito
E a próstata
Depois de ser violado
Por aquele menino
Que nem certificado
Tinha para praticar Medicina
Decidiu viver isolado
Da sociedade
Ficar em casa trancado
Para sempre a comer gelado
Sem sabor
TUDO SABE A BAUNILHA!
“Eu não quis, eu não quis
Eu não quis ir a Paris
Eu não quis ir a Belgrado
Eu não quis ir a Estugarda
Eu não quis ir a nenhum lado
Porque não tinha nariz
Eu não quis ir a Paris
Eu não quis ir a Belgrado
Eu não quis ir a Estugarda
Nem sequer até Almada”
Porque não tinha nariz
Que é feito de cartilagem
E côndrio é cartilagem
E "hipo" quer dizer pouco
Ele era hipocondríaco
Cheirar não é o seu forte
É o filho do Voldemort
Dizem que dá boa sorte
Ter um buraco na cara...
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2. |
Virgem, Maria?...
06:24
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Na elegante manjedoura
Paria Maria Jesus
Virgem de nome, a toura
E virgem terá dado à luz
Casal feliz, Maria e Zé
Gente humilde, de boa fé
Conheceram-se no café
Ela pediu um fino
Ele pagou-lhe ali, no acto
Para comprovar o facto
Ela pede outro fino…
…e outro fino
A cerveja a descer já arde
Mas ele saca do MasterCard
Ela já embriagada
Dá-lhe uma anal palmada
E assim se fazem casal.
Mas Maria tinha um segredo
Bem guardado com o tempo
Apercebeu-se bem cedo
Que José não estava à altura
De lhe dar, com fofura
Uma noite de loucura
Uma tarolada na mona
E penetrar-lhe a sua
Flor
Foi então à aventura
E aí descobre Alfredo
Alfredo, o vizinho do 5º esquerdo
Tinha um pau que metia medo
Três metros de comprimento
Para pôr a roupa a secar
E para além disso, também tinha um longo pénis
Maria quis experimentar
Não se deixou ficar
Pois tinha necessidades como todas as mulheres de então
E dele fez o seu brinquedo
A grande malandra!
Maria deixou então Alfredo
De apelido Espírito Santo
Fazer o que bem quis
Visitar entre as pernas da infiel a sua Paris
E Alfredo inseriu a sua Torre Eiffel
E, como um bom Espírito Santo,
Fez-lhe um branqueamento de capitais
José tinha-a debaixo de olho
E eis que, lá para Julho
Do ano zero,
Perguntou-lhe, sem rodeios:
“Maria, porque estás tão gorda?”
Mas não, não era da açorda
Mas sim do chourição
E Maria, de grandes seios
Retorquiu, em aflição…
O Espírito Santo? A pomba?
Aleluia, aleluia!
Maria, sua abençoada
Preparai festa de arromba
Para o dia da consoada!
E mandai vir uns três reis magos
Que tragam coisas com cheiros
E que se vistam como azeiteiros
Mas o Espírito Santo não era uma pomba
Mas sim o homem que lhe foi à pomba
Se uma pomba fosse a outra pomba
Seria um acto de homossexualidade
E isso não seria bem aceite
Pela comunidade religiosa
Apesar de o adultério também não…
A Bíblia é uma metáfora
Mas o sexo tem de ser real!
E quando Cristo nasceu
Toda a gente percebeu
Que os olhos não eram do pai
E a boca, também
E os olhos, idem
Mas o cabelo, encaracolado
Fazia dois cornos lado a lado
Com fé, isso terá herdado
De José.
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3. |
Pelo Africano Abaixo
06:58
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Nunca
Nunca um ser humano foi destinado a sofrer
Tanto como a minha pessoa
Toda uma existência desprovida de prazer
E de tudo o que é coisa boa
Desde criança, subnutrido
E aos predadores da selva remetido
Sem condições mínimas de higiene
Tomar banho sem Pantene
Ter um prato de cherne
Para uma família de oito
E estar exposto à noite
A mil picadas de mosquitos
Que matam sem pruridos
Com doenças desconhecidas
Tudo isto são problemas
Irrelevantes
Quando eu nem tenho um iPhone.
Quando passeio na rua
E vejo uma situação invulgar
Passa uma mulher toda nua
Como é que eu a vou fotografar?
Pedi uma Xbox no Natal
Como uma criança normal
Mas com requintes de malvadez
Os meus pais deram-me
Uma Playstation 3
O que importa não tomar banho
Ou ter de beber àgua do mar
Quando o meu ambiente de trabalho
Demora dez minutos a arrancar?...
E um dia, se quiseres
Confirmar a minha tese
Experimenta viver neste frete
Ignorado pelas mulheres
E, ainda, por mais que reze
Deus não me dá um tablet
Eu quero um iPhone
Dêem-me um iPhone
Os meus colegas têm às centenas
Eu quero um iPhone
Preciso de um iPhone
Para... fazer...
Cenas
Para fazer cenas variadas!
E quem quer saber da SIDA
E das milhões de mortes que traz
Quando nenhuma dessas vidas
Posso gastar no Candy Crush
Pobreza há em todo o lado
Se a gente estiver atenta
Se eu não fosse afectado
A minha net não era lenta
E para quem quer lançar um alerta
Por tudo aquilo que África é
Pois eu digo-lhe: os direitos humanos são uma treta
Ainda ontem paguei 1€ por um café.
Eu quero um iPhone
Dêem-me um iPhone
Para tirar selfies ao meu umbigo
Eu quero um iPhone
Preciso de um iPhone
Já que não tenho amigos
Quem sempre teve um iPhone
Que não se pronuncie sobre o tema
Que não me venha criticar
E que comigo não reclame
Porque quem passou fome
Nunca teve o dilema
De não poder publicar
A sua comida no Instragram.
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4. |
Buraco Oco, Amor Louco
05:37
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Todos temos buracos
Mas ninguém lhes dá valor
E por isso vos sensibilizo
Por um mundo melhor
Tenho buracos na cara
Como por exemplo os ouvidos
É por eles que escuto
As pessoas desinteressantes
Como noutro dia
Estava na peixaria
E eis que uma senhora
Sussurra, lá para fora:
"ROBALO 3 AÉRIOS O QUILO!"
Que pechincha.
Ou então numa altura
Em que estava na agricultura
A plantar o rabanete
Estava todo contente!
Era uma quinta-feira
E mesmo lá à beira
Estava a haver um concerto
Do Tony Carreira...
...Que desagradável.
Também tenho uma boca
Que é um buraco ajustável
E por isso mesmo
Só chupo e engulo o que quero
Dá para comer cenas
Como um javardo no refeitório
E para fazer cenas
De cariz respiratório
Nem precisamos de um nariz!...
Dá também para comer
Gajas de todas as cores
E acabar por ter
Momentos constrangedores
Comprei um ginger ale
Para dar a uma female
E a seguir beijei-le
A amiga dela
Mas foi sem querer
Tenho um buraco no rabo.
Mas não quero falar sobre isso.
Tenho um buraco na pila
Por ele faço xixi
Por ele faria tudo
Menos cocó... por ele
Se ele não existisse
As impurezas do homem
Ficavam acumuladas
Na ponta da glande
Não teriam por onde ir
E era uma bagunça!...
E se um dia quiser
Conquistar uma mulher
É por ele que sai
O tónico do amor
Mas estou consciente
Que para a saciar
Tenho que lhe dar
Muitos e muitos
Origamis
Tenho um buraco no pé
Foi um chinês na guerra
Ele deu-me um tiro de caçadeira
Mas entretanto até ficamos amigos
Ter um buraco é
Uma excelente maneira
De criar parlapié
Em eventos de craveira
"Com que então V.ª Ex.ª não tem um dedo do pé, hein?"
"Não tenho não, senhor!"
Mas para além disso
Ele encurta caminhos
Para criar um sorriso
Quando estamos sozinhos
Um buraco é um amigo
Ele quer estar contigo
Presente todos os dias
Para te dar alegrias...
...E infecções
Tenho um buraco na cabeça
Também foi o chinês que mo fez
Mas dessa vez
Nós já éramos amigos
Foi a jogar Paintball
Bala dura em cabeça mole
Disse-me que foi sem querer
Apesar de ser da minha equipa
E ainda nem tínhamos começado a jogar...
Logo ali disseram-me
Que ia ter sequelas
Mas para ser sincero
Ainda nem dei por elas
Aliás, sinto-me
Perfeitamente saudável
Sem problemas mentais
(...)
Num descapotável
A lição fica dada
Para essa cambada
De gente muito reles
Que não vê magia neles
Vamos para para contemplar a magia dos buracos.
Mas o que é bom realmente
É nós termos em mente
Que desde que fique cá dentro
Não importa o que se sente
E por isso vos digo
Um buraco é um amigo
Mas os vossos amigos
Também são bons amigos
E os outros amigos
Que não são tão bons amigos
Mas que se dão bem contigo
Porque podem ser ricos
Também merecem respeito
Levar amor no peito
Fazer amor nos peitos
Fazer amor a torto e a direito
Com recurso aos buracos!
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5. |
MC Gigabyte
03:55
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Eu cresci numa das ruas mais lixadas do local
Nem sequer tinha wireless no meu quintal
Era o sítio mais podre no bairro do Fujacal
Sabia disso e por isso me portava mal
Minha mãe me obrigava a comer o vegetal
E eu dizia “Mãe, mete isso no anal”
Depois informei-me sobre o que era anal
E arrependi-me… porque é nojento
Lá no spot toda a gente conhece a minha pessoa
Construí a fama a vender coisas da boa
Como placas gráficas para PC
Também vendia para Mac mas mais alto o preço é
Era conhecido como MC Gigabyte
Vendia a minha cena quando chegava a night
Houve alturas em que até me metia em fights
No street fighter
Hadduken, Dinamyte
All right
Os meus homies são todos viciados em pornografia
Fashion TV era tudo o que a gente via
Pediram-me noutro dia para fazer pirataria
Jennifer Lawrence, Kate Upton e companhia
Arranjei-lhes uma data de fotos com bué de mamas
Algumas até tinham três mamas
Depois vesti o pijama e fui para a cama
E já não lavo os dentes há duas semanas
Fuck the police!
Quando estou por casa costumo medir o pénis
Para saber se está mais ou menis
Faço-o através de uma app para Android
Na entrada USB meto o meu boy
O “U” de USB quer dizer “universal”
E “SB” é “Satisfaz Bastante”
Que é a nota que eu costumo tirar nesse teste
Tal como em História de Portugal
Yo, José Hermano Saraiva, back off, biatch!
Meti-me numa confusão por tráfico de coca
-cola, o dobro do açúcar, o dobro da moca
Apanhei três anos de pena intermitente
Mais dois por não lavar os dentes
Mas rapidamente fiz amigos no xilindró
Arranjava-lhes sabonetes que eram da Dodot
E eles em troca mantinham-me as costas quentes
Com cobertores feitos pelos seus parentes
Yo, viroses, can’t touch this!
Houve um motim
Apanharam-me a mim a meio de um jogo
O bófia estava a fazer arroz…
…a ronda!
E ele tinha uma pistola
Mas eu tinha um Warlock de nível 57 com o mana no máximo
E resistência ao fogo
Ele deu-me um tiro
E doeu muito!...
Acertou-me no peito
Mas as minhas mamas de homem impediram que eu fosse desfeito
E agora MC Gigabyte continua a destrocar
Se não gostas, azar
MC Gigabyte…
…lixar.
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6. |
Pentagonadal
07:24
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Criança nascida
Filha de dois pais normais
Ela tinha uma oficina
Ele vendia favores no cais
Criança maldita
Filha de uma grande rameira
O pai deu-lhe com a dita
Também o fez o Sr. Ferreira
Mistura de gâmetas
A lutar pelo favoritismo
No meio da festa resultou
Verdadeiro hermafroditismo
Pentagonadal
Uma criança do mal
Com dois testículos e três ovários
E ainda para mais com cáries dentárias
Rais’parta os genes!...
Adolescência infernal
Os gajos chamavam-lhe bonito
Ambiguidade sexual
As gajas queriam-lhe ir ao pito
E então questionou-se
“O que estou a fazer aqui?...
Deus, comigo, enganou-se
Nem sei por onde fazer xixi…”
Desfez duas bolhas
Com uma incisão escrotal
Fez uma escolha
E nunca mais foi
Pentagonadal
Um jovem do mal
Ejacula oócitos
Não serve os propósitos
De ninguém
Tem cinco gónadas
E com elas não vai fazer nada.
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7. |
A Minha Mulher Deixou-me
02:39
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...
...
A minha mulher deixou-me
A grande vaca.
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TOURA Braga, Portugal
Pianista excêntrica. Cantora esfalfada. Cabelo formidável.
E o meu nariz parece um homem a defecar de costas.
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